quinta-feira, 21 de setembro de 2006

LA PIPELETTE; breve apresentação

Falo mais do que deveria e sinto mais do que gostaria, manter minha boca fechada não é tarefa das mais fáceis. Eu tenho sempre algo a dizer: palavrosa, faladeira e tagarela; sou La Pipelette. Coleciono palavras, de qualquer língua e dialeto sejam elas escritas ou faladas.

Sinto-me frustrada quando preciso comedir palavras e sentimentos, não há coisa mais triste que viver pela metade, do sofrimento à alegria que seja tudo por inteiro, intenso, verdadeiro e real. Nesse sentido continuo criança que solta verdades sem nem perceber, e mesmo quando as percebe não se contêm, pelo simples prazer de não evitar nem poupar ninguém. É por isso que, modéstia à parte, sei utilizar tão bem a palavra desculpa; muito mais pela constância do trato diário que pela polidez adquirida ao longo do tempo. Definitivamente a desculpa existe para isso, amenizar a incapacidade alheia de conviver com a sinceridade vomitada.

A grande diferença entre a palavra oral e a escrita é o meio pelo qual elas se propagam, por isso, não faço nenhuma distinção hierárquica entre elas. Embora sejam de naturezas diferentes, as duas possuem a mesma força, nesse caso, a palavra como objeto de catarse e não como objeto de comunicação.

A palavra catártica pode assumir funções distintas: ou ela é ativa, motivadora; aquela que dará início a todo o processo de purgação ou passiva, não no sentido pejorativo, e sim, por fazer parte da catarse em andamento; àquela que teve outro agente ativador. As funções são diferentes, mas a importância é a mesma! Ao meu ver a palavra escrita se encaixa melhor como ativadora, a falada como processual; mas aqui nenhuma regra se aplica, é tudo uma questão de escolha.

Menina faladeira mas que gosta de silêncio, e porque não gostaria, silêncio não é antônimo de palavra, nem significa a falta dela; é contrário de barulho, alvoroço. Mesmo no silêncio existem palavras, mas só os mais sensíveis conseguem percebê-las. De todos, o único que não suporto é o silêncio interno, esse sim me faz sentir morta. Mesmo na quietude, en dedans eu sou sempre ruído; é minha fábrica de idéias, filosofias, teorias, pensamentos e reflexões a todo vapor, as palavras que coleciono em profunda ebulição.

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito